terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Comentário à polémica do GDG x SCBM



Como treinador e responsável máximo pelo escalão de Juvenis do Grupo Desportivo da Gafanha, aproveito este espaço para manifestar o meu desagrado pelo que se tem passado nas últimas horas, no rescaldo do dérbi do passado Domingo entre Gafanha e Beira-Mar.

Pelos comentários de adeptos e simpatizantes que temos recebido nas últimas horas, a polémica já ultrapassou o círculo das críticas à arbitragem e passou a ser de uma total falta de respeito pelo que o Gafanha fez dentro das quatro linhas. Falta de respeito pelo Clube, o Grupo Desportivo da Gafanha, e em particular pelo escalão de Juvenis, seus jogadores e seus treinadores e responsáveis.

Às custas desses comentários, criou-se um ambiente que em nada favorece o nosso Futsal de Formação e que em nada contribui para que as duas equipas possam, nos próximos dias, prosseguir tranquilamente o seu caminho nesta etapa importante de Formação. O que os jovens atletas recordarão deste jogo é que foi um "escândalo" ou uma "roubalheira" e que gerou toda esta polémica, não tendo quase ninguém que lhes lembre que foi um grande jogo de futsal, um desafio intenso entre duas equipas que tudo fizeram pela vitória.

Dizer que o Gafanha ganhou o "seu campeonato" ao derrotar o Beira-Mar é, por si só, um absurdo. Já dizer que o jogo "acabou" a 3'10'' do fim, quando o jogador Daniel Silva, capitão do Beira-Mar, foi expulso, é desrespeitar o que o Gafanha fez no restante tempo de jogo. Por muito que a equipa do Beira-Mar se quisesse insurgir contra a decisão despropositada da equipa de arbitragem ou se sentisse insultada por uma decisão com influência no resultado, nunca um jogo termina antes do seu final.

Dizer que o jogo "acabou" ali, é desrespeitar o Grupo Desportivo da Gafanha, o escalão de Juvenis e todos os seus elementos. Porque antes, quando o Beira-Mar fez o 3-2, o Gafanha também respondeu e igualou 3-3. Simplesmente não se sabe o que se passaria em seguida, logo não dá para fazer juízo de valores nem muito menos "atacar" o Gafanha, que não teve culpa alguma das incidências do jogo naquela recta final.

Ninguém do Gafanha disse que o jogo "acabou" quando se sentiu inequivocamente prejudicado pela dupla de arbitragem. Ninguém do Gafanha disse que o jogo "acabou" quando seguíamos num lance de 3 para 1 no ataque e foi assinalada uma falta ofensiva inexistente (uma das 5) ao nosso atleta e ainda lhe foi mostrado o cartão amarelo (vimos três amarelos: esse, um por um simples protesto como "falta?" e outro por um atleta do banco ter festejado um golo com um pé dentro do campo).

Ninguém do Gafanha disse que o jogo "acabou" quando nos marcaram a 5.ª falta num lance absolutamente ridículo (ver vídeo), aos 6 minutos do segundo tempo, depois de duas faltas também elas acumuladas sabe-se lá onde. E também nos sentimos prejudicados, apesar das decisões não serem tão influentes como a decisão que o SCBM contesta. O jogo não "acabou" em nenhum destes momentos, assim como não "acabou" a 3'10'' do fim.

E se, para os adeptos e simpatizantes do Beira-Mar, o jogo "acabou" ou "deixou de fazer sentido" a partir do momento da expulsão do seu capitão Daniel Silva, o Gafanha não tem culpa disso e, portanto, os seus elementos não devem ser insultados como têm sido nestas caixas de comentários.

O meu colega Diogo Figueiredo, treinador do SC Beira-Mar, no seu último comentário (link para o comentário), concorda com a minha opinião. "Qualquer queixa que a minha equipa possa ter da arbitragem, é um assunto que apenas diz respeito ao Beira-Mar e em nada belisca a exibição do Gafanha. (...) Foi um grande jogo com muita correcção e fair-play entre jogadores, técnicos e dirigentes", escreveu o Diogo Figueiredo.

Espero que isto sirva para encerrar este assunto e esclarecer que não há (nem pode haver) qualquer desentendimento entre Gafanha e Beira-Mar. Houve uma arbitragem bastante polémica, que merece as críticas de ambos os clubes e da qual o Beira-Mar entende que tem mais razões de queixa para se insurgir contra o que se passou. Entre Gafanha e Beira-Mar não há razões para haver estes desentendimentos nem para se levantarem tantas "guerrinhas" e ataques a pessoas e aos clubes.

Por último, deixo nestas últimas linhas uma mensagem para os adeptos comuns que nos têm insultado e têm desrespeitado o nosso trabalho: se ganhar não é tudo na vida e no desporto, saber estar (nas vitórias e nas derrotas) é praticamente tudo.

O adepto comum pode muito bem expressar a sua opinião e tomar partido pelo clube do seu coração sem necessitar de atacar, insultar ou desrespeitar o trabalho dos elementos do clube rival. Por isso, só vos peço que saibam estar. Para o bem de todos.

João Tiago
publicado também em: http://joaotiago-futsal.blogspot.com/

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